quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Rascunhos

(Escrito em 29/12/2010)

CAPÍTULO 2 – O PRIMEIRO DIA DO RESTO DE NOSSAS VIDAS

(Júlia)
Foi em uma capicua que nós ficamos sabendo da apuração do vestibular. Às 20h02 do dia 20/02, cada um, em seu respectivo computador, encontrou seu nome na lista dos aprovados em 1ª chamada.
As reações foram distintas, mas não fugiram das idiossincrasias. Pelo que me relataram depois, foram as seguintes:
Giovana, que havia sido a mais compulsiva e esforçada nos estudos, teve um surto de euforia como há muito tempo não tinha. “Ah, Psicologia, enfim!”
Mário, após a dedicação intensa no 2º semestre, foi recompensado com o resultado positivo. Ele aproveitou que estava no site de um fórum de videogames para cantar a novidade para os amigos: “Digam olá para um futuro engenheiro mecânico!”
Alice, como era de se esperar, ficou extremamente alegre. Não demorou a que ela chamasse alguns colegas para uma... comemoração etílica. “Hoje beberei até ter um coma alcoólico, haha!”.
Henrique seguiu o script tradicional (o qual tanto criticaria meses depois, depois que aderiu ao “trote solidário”): telefonemas, pulos, raspar o cabelo, bebidas... Acabou parando no bar em que Alice tinha ido.
César, mais caseiro, estava com a avó e os irmãos, e fez uma celebração discreta, resumindo-se a mudar o nick no MSN e já decidir quais matérias pegaria no seu 1º semestre de UNICOS.
Quanto a mim, também fui contida. Como estava sozinha em casa, apenas liguei para os outros cinco, e liguei Oasis (“D’You Know What I Mean?”) no aparelho de som.


CAPÍTULO 14

(Alice)
Expus o que julgava ser minha ultrasinceridade a respeito deles. Tentei magoá-los dizendo certas verdades, mas quando esse artifício foi usado contra mim, sucumbi, e comecei a chorar compulsivamente.


CAPÍTULO 15

(Henrique)
Com isso, ficaria claro para todos que só eu sabia, mas que ela escondia dos demais. Talvez sua melhor amiga também o soubesse, mas não desconhecia o peso na consciência de Alice quanto a tudo aquilo.
Não demoraria para que eu me comprometesse a cuidar de Alice. Enquanto isso, Mário e Giovana resolvem ir para suas casas, com ela dirigindo. Júlia e César dormiram em um dos quartos, mas se comprometeram a ir embora antes das 8 da manhã do dia seguinte.
A infância: pais ricos e relativamente jovens, educação mimada, “faça o que quiser, na hora que quiser”. Pais liberais, talvez até demais. A liberdade viria licenciosidade.
11 aos 13 anos: primeiros namorados; Alice inventava histórias cabeludas (e falsas) sobre sua vida sexual; “complexo de Lolita”; começa a beber e fumar aos 13.
14 anos: perda da virgindade; instabilidade emocional, depravação moral; libertinagem; “cigarettes and alcohol”; perda definitiva da inocência; criação de uma persona segura de si e expansiva.
15 anos: devassidão aumenta exponencialmente; em poucos meses ela acumula tanta experiência de vida quanto mulheres bem mais velhas; a Lolita vira Mrs. Robinson quando ela conhece Henrique; Alice, mesmo que secretamente, sempre se sentiu horrível por tê-lo levado para “o mau caminho”. Os segredos contados no dia 27 de Dezembro de 15 d.M.

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